terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

UTI do Materno Infantil: medidas emergenciais

Sob nova coordenação, a unidade de terapia intensiva pediátrica do Hospital Materno Infantil pode voltar a funcionar adequadamente, caso melhorias, sobretudo nas condições de trabalho, sejam efetivamente implementadas

O pediatra Romélio Lustosa Víctor, integrante do corpo clínico do Hospital Materno Infantil, é o novo coordenador da UTI Pediátrica, cargo que passou a ocupar após convite do atual diretor geral da unidade. Como é do conhecimento geral, este departamento do hospital está passando por dificuldades, principalmente relacionados à falta de médicos que atuam na área de terapia intensiva. “Os profissionais que atuam na UTI pediátrica do Materno Infantil estão sobrecarregados e trabalhando em condições aquém das desejadas”, declara o médico.

Segundo Romélio, o número de profi ssionais atuantes na área de terapia intensiva infantil em Goiás é escasso para a demanda. Não obstante, a remuneração atualmente ofertada pela Secretaria Estadual de Saúde não é compatível com a da maioria das instituições privadas e também com a de muitos municípios próximos a Goiânia, como Brasília e Anápolis, o que acaba por difi cultar a contratação de médicos. 

Apesar das difi culdades, foi liberado recentemente a contratação emergencial de médicos para a unidade, sendo que alguns já se integraram à equipe, amenizando o défi cit atual. Além de recompor as equipes, tanto médica quanto de enfermagem, também será necessário adequações na estrutura física e aquisição de alguns equipamentos, o que está sendo providenciado pela administração do Hospital. “As perspectivas são de resolução em curto espaço de tempo, considerando-se o grande empenho demonstrado pela atual direção”.

O pediatra acredita que é preciso também investir em atualização científi ca. Para isso, pretende promover educação médica continuada, retomando o que era feito anteriormente. “É, inclusive, previsto pela normativa que rege o funcionamento das UTI que haja educação médica continuada. Iremos também incentivar o aprimoramento técnico de cada profi ssional e facilitar a participação em congressos”, frisa. 

No entanto ele reitera que, a prioridade no momento é viabilizar a continuidade e aprimoramento
do serviço, já que ele estava na iminência de ser fechado. A despeito das dificuldades citadas, a unidade presta atendimento de qualidade a grande quantidade de crianças e recém-nascidos diariamente internados ali. 

Romélio Lustosa lembra que a UTI do Materno Infantil é o único serviço público voltado para terapia intensiva geral pediátrica, tendo em vista que as outras são em rede
conveniada. Ele destaca ainda que é uma unidade anexa ao principal local de atendimento público à emergência pediátrica de Goiás, o Materno Infantil, o que facilita o atendimento imediato de crianças em situações graves.

“Além disso, é uma unidade formadora de profi ssionais especializados em terapia intensiva, o que deve ser valorizado. Das quatro vagas de residência que temos disponíveis, 50% foram perdidas por abandono, insatisfação pelas condições de trabalho”, alerta. “Se a UTI do Materno não existisse, não haveria uma UTI pública em Goiânia voltada para terapia intensiva infantil (com excessão da unidade do Hospital de Doenças Tropicais que presta atendimento à crianças com doenças e situações específi cas). É preciso que os olhos do poder público se voltem para essas questões de condições de trabalho e remuneração porque estamos perdendo profi ssionais. Para se formar um médico especializado nesta área são necessários seis anos de faculdade, dois de pediatria e dois de terapia intensiva propriamente, perfazendo um total de dez anos de estudo, de forma que faz-se urgentemente necessário conseguir meios para valorização e incentivo desses escassos profi ssionais”, conclui.

Jornal da Sociedade Goiana de Pediatria, janeiro de 2012.

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