Coágulos que se formam vagarosamente na cabeça, chamados de hematomas subdurais crônicos podem ser causa de dor de cabeça, principalmente em idosos
Características diferentes nas dores de cabeça habituais devem ser observadas com atenção, salienta LÓRIMER SANDOVAL CARNEIRO |
A dor de cabeça, denominada de cefaleia na linguagem médica, é uma das causas que mais levam o indivíduo a procurar o médico neurologista ou neurocirurgião. No entanto, ao contrário do que diversas pessoas acreditam, nem toda dor de cabeça é enxaqueca ou migrânia, conforme explica o neurocirurgião Lórimer Sandoval Carneiro. “Ela pode representar a manifestação de inúmeras doenças neurológicas e pode ter diversas causas, desde uma simples sinusite até a manifestação de tumor cerebral, “derrame” ou “coágulo no cérebro” (AVC), “água na cabeça” (hidrocefalia), trombose no cérebro e meningite”, enumera.
Segundo ele, quando não há uma causa aparente nos exames, define-se a dor de cabeça ou cefaleia como primária, dentre as quais estão incluídas a enxaqueca (migrânia), cefaleia tensional e cefaleia crônica diária. “Tais condições já são conhecidas por aquelas pessoas que padecem delas, pois elas mantêm o mesmo padrão de dor, têm as mesmas características e normalmente melhoram após o uso de alguma medicação”, afirma Lórimer Carneiro.
Mas quando a dor de cabeça ocorre de maneira diferente, com características novas, acompanhadas de outros sintomas, o neurocirurgião diz que há a necessidade de investigar as causas, reconhecidas pelos exames complementares: tomografia computadorizada, ressonância magnética, angiografia cerebral e exame do líquor – líquido que circula no cérebro.
O médico destaca que uma dessas outras causas de dores de cabeça é a cefaleia dos hematomas subdurais crônicos. “Esses hematomas são ‘coágulos’ que são formados vagarosamente dentro da cabeça, por vezes após um traumatismo craniano (batida da cabeça), às vezes banal há mais de vinte dias”, relata o médico. “Eles provocam dor de cabeça de intensidade progressiva, que podem vir acompanhada de vômitos, paralisia de um lado do corpo, alteração da fala e/ou do comportamento, dificuldade para andar e até mesmo sonolência seguida de coma”, detalha.
Segundo o neurocirurgião, esses hematomas são comuns em idosos e em pessoas que usam medicação para tornar o sangue mais fluido (AAS, por exemplo) ou anticoagulantes e devem ser tratados com cirurgia, proporcionando, na maioria dos casos, a recuperação plena quando tratados no tempo correto. “Desta forma, orientamos que qualquer dor de cabeça deve ser considerada, principalmente se vier acompanhada de sintomas novos que o paciente não está acostumado a sentir. Procure o médico para esclarecer quanto ao diagnóstico e ao tratamento correto, possibilitando a melhoria da sua saúde”, finaliza.
Jornal da Sociedade Goiana de Neurocirurgia, fevereiro de 2012.
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