quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Cirurgia bariátrica: solução para obesos mórbidos

A primeira técnica de redução de estômago surgiu em 1952, nos Estados Unidos. Desde então, houve grande evolução e já é possível fazer a cirurgia por meio de vídeolaparoscopia

Estudos estatísticos mundiais comprovaram que o tratamento clínico, baseado na reeducação global (nutricional, física e psicológica) e no uso de medicamentos, só funciona bem até certo peso. Pacientes muito obesos não têm boa resposta ao tratamento clínico. Ou perdem pouco peso ou voltam a engordar com facilidade. “Até o limite de IMC=40 Kg/m2 o tratamento clínico é bem sucedido, mas acima desse valor o resultado é ruim. Por isso pessoas com esse IMC (ou maior) são chamadas de obesos mórbidos”, relata o cirurgião do aparelho digestivo e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, Capítulo Goiás (SBCBM-GO), Oscar Barrozo Marra.

Os obesos mórbidos eram pessoas que não tinham tratamento e continuavam a engordar indefinidamente até falecerem em decorrência das comorbidades. Nesse panorama surgiu, em 1952, nos EUA uma proposta de tratamento cirúrgico e assim nasceu a especialidade médica denominada Cirurgia Bariátrica. A intenção dessa especialidade é emagrecer com saúde e evitar a que o paciente volte a engordar. “Existem vários tipos de cirurgia que diferem conforme o seu mecanismo de ação: dificultar a entrada de alimento no corpo, diminuir a fome em nível cerebral e causar saciedade gástrica, dificultar a absorção de gorduras e carboidratos”, informa.

Oscar Marra explica que atualmente existem duas técnicas cirúrgicas mundialmente reconhecidas. Destas, a Bypass Gástrica é tida como o “Padrão Ouro da Cirurgia Bariátrica” e é a técnica mais empregada no mundo. “É baseada na exclusão duodenal. Depois dela, o paciente sente menos fome e por isso emagrece”, esclarece. Segundo ele, a perda de peso média é de 40 a 45% do peso inicial. Essa perda costuma ocorrer nos primeiros sete meses após a cirurgia, sendo que alguns poucos pacientes perdem peso ao longo de até dois anos após a cirurgia. “A exclusão duodenal tem uma vantagem extra, além do emagrecimento, que é a melhora da função pancreática promovendo um aumento na produção de insulina que melhora, e geralmente cura a diabetes tipo 2”, descreve.

A segunda opção é a Banda Gástrica Ajustável, que instala uma cinta inflável ajustável ao redor do estômago. “Essa cinta promove um estreitamento no estômago. Quando encontrado o ponto de constricção gástrica ideal o paciente come um pouco e tem que esperar a comida passar pelo estreitamento antes de comer de novo”, detalha.

O problema com essa técnica, de acordo com o cirurgião, é que o paciente tem fome e ao mesmo tempo tem restrição à entrada de comida. “A qualidade de vida não é boa porque o paciente apresenta vômitos frequentes. Uma complicação frequente dessa cirurgia é o refluxo de ácido do estômago para o esôfago devido ao estreitamento gástrica causando esofagite de refluxo”, alerta Oscar Marra. Além disso, a perda de peso é ao redor de 20% do peso inicial. Trata-se de uma perda de peso modesta para os pacientes obesos mórbidos.

O cirurgião do aparelho digestivo avisa que o paciente precisa ser bem preparado psicologicamente e emocionalmente antes da cirurgia, já que os obesos mórbidos costumam ser dependentes da comida, buscando nela sua maior fonte de prazer. “O paciente precisará de uma equipe multidisciplinar, que inclui o médico, nutricionista, psicólogo e fisioterapeuta para garantir um pré e pós-operatório tranquilos e para que ele consiga manter a perda de peso e sua qualidade de vida”, salienta.
 
VÍDEOLAPAROSCOPIA
Obesidade sem Marcas foi o tema da campanha da SBCBM, que mobilizou médicos, pacientes e seus familiares, órgãos de defesa do consumidor, ONGs e a sociedade em geral pela cirurgia menos invasiva. “A decisão de fazer o procedimento pelo método convencional ou por videolaparoscopia cabe ao médico, que tem o dever de oferecer sempre ao paciente a melhor técnica disponível”, defende Oscar Barrozo Marra.

“Comparada aos métodos tradicionais de cirurgia, a videolaparoscopia apresenta diversas vantagens para o paciente. O sangramento é mínimo, em geral, nulo, pois os gases estancam o sangue. O tempo de recuperação é bem menor, logo a retomada das atividades diárias e físicas ocorre com mais precocidade. A necessidade de uso de remédios diminui consideravelmente, assim como a chance de aderência entre tecidos durante a cicatrização. Como as incisões são pequenas, o benefício estético também é maior”, conclui.

Revista NeuroAção, dezembro de 2011.

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