Infelizmente a morte súbita pode ser a primeira manifestação da doença. Para se prevenir é preciso se submeter a investigação cardiológica apropriada
A morte súbita pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais frequente após os 40 anos, quando há um maior índice de ocorrência das coronariopatias. “Elas são as maiores causadoras do mal, correspondendo a 70 a 80% das causas de morte súbita nos Estados Unidos”, diz o cardiologista Sergio Gabriel Rassi, professor de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG), coordenador do serviço de Arritmia e Eletrofisiologia Cardíaca da Santa Casa de Misericórdia de Goiania e Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da UFG e membro do Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC), a qual presidiu no biênio 2000/2002.
“Morte súbita, por definição, é toda situação de morte inesperada, de causa cardíaca, dentro da primeira hora após o inicio dos sintomas, caracterizada pela perda abrupta do nível de consciência do indivíduo, portador ou não de doença cardíaca conhecida”, conceitualiza o cardiologista, esclarecendo ainda que deve-se excluir outras situações de morte inesperada, tais como eventos traumáticos (choques de trânsito), acidentes cérebro-vasculares, embolia pulmonar e dissecção aórtica.
Segundo Sérgio Rassi, cerca de 50 a 65% das mortes cardiovasculares ocorrem de modo “súbito”. Destas, 90% são por arritmias cardíacas, sendo a grande maioria por taquicardia/fibrilação ventricular (80%), contra 20% por assistolias. “Dentre as doenças responsáveis pelas arritmias cardíacas, alem do intra ou pós-infarto do miocárdio, conforme assinalado, deve-se considerar as miocardiopatias (destacando-se as dilatadas, dentre elas a cardiopatia chagásica crônica).
Anualmente a SOBRAC promove, em caráter nacional a semana de prevenção de morte súbita, a partir de 12 de novembro. “Neste ano realizaremos a campanha mais uma vez em Goiânia, durante torneio de tênis no residencial Granville, nos dias 19 e 20 próximos, quando folhetos explicativos serão distribuídos, com orientações por equipe de especialistas na área, alem da realização de ECG´s, dentre outras ações”, finaliza o cardiologista. alem das hipertróficas, representadas principalmente pela hipertrofia septal assimétrica), a displasia arritmogênica do ventrículo direito, a síndrome de Wolff –Parkinson-White e as canalopatias, ressaltando-se a síndrome do QT longo – congênita ou adquirida, síndrome de Brugada, taquicardia ventricular catecolaminergica e a fibrilação ventricular primária”, destaca.
Infelizmente, é bastante comum a morte súbita ocorrer como primeira manifestação da doença. “Daí a importância de se identificar pacientes de alto risco de morrerem subitamente, por meio de investigação cardiológica apropriada. A história de morte súbita familiar, quando devem ser avaliados os parentes de primeiro grau, a presença de sintoma sincopal ou palpitações paroxísticas com baixo débito, alterações eletrocardiográficas de potencial risco, déficits de contratilidade miocárdica importantes (FE < 30%), hipertrofias septais e displasias”, enumera, lembrando que atletas estão no grupo de risco e merecem cuidados especiais. Além disso, Sérgio Rassi diz que, em pessoas predispostas às arritmias cardíacas, situações de estresse emocional, uso exagerado de álcool, cafeína, anfetamina, broncodilatadores, hormônio tiroideano, derivados de efedrina ou adrenalina, assim como esforço físico extremo, podem desencadear taquiarritmias.
Se a pessoa tiver a sorte de estar acompanhado no momento em que for acometido pelo mal, o que vai contar neste momento é a agilidade. “O atendimento a uma parada cardíaca deve ser imediato, uma luta contra os minutos. As manobras de ressuscitação (RCP) envolvem a massagem cardíaca externa e a ventilação respiratória, geralmente com a ação dos DEA´s (desfibriladores externos automáticos), de muito fácil utilização (autoexplicativos, requerendo mínimas noções de técnicas de RCP – vide BLS ou ACLS – manuais de ressuscitação básica e avançada). Estabelece-se maior chance de sucesso de abortar uma morte súbita, quanto mais imediata for a desfibrilação e a RCP, atingindo 90% no primeiro minuto, reduzindo a taxa de êxito cerca de 10% em cada minuto perdido em seguida, chegando a media de sucesso de 14% (variando de 3 a 33%), de acordo com as estatísticas de paramédicos”, informa.
Revista da Sociedade Goiana de Cardiologia, novembro de 2011.
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