Quando a Rede Globo nasceu oficialmente, dia 26 de abril de 1965, ele já estava lá. Aliás, já estava lá há 10 dias, conforme consta na data de admissão de sua carteirinha da emissora: 15/04/65. Assim, pode-se dizer que Luis Augusto, o conhecido Pampinha, foi, senão o primeiro, com certeza um pioneiro daquela que viria se transformar na maior emissora de televisão do Brasil.
“Eu era amigo do Walter Clark (um dos pilares da formação da Rede Globo) e convivia com o diretor comercial (depois publicitário) Mauro Salles, que também trabalhava lá”, relembra Pampinha. Ele conta que, durante o regime militar, respondeu a três inquéritos e que o presidente da Globo, Roberto Marinho, se encarregou pessoalmente de arrumar os advogados para defendê-lo.
Luis Augusto frequentava a cobertura de Fernando Sabino, em Ipanema, e conhecia todo o grupo de Minas Gerais, que incluía Otto Lara Rezende e Paulo Mendes Campos, de quem era vizinho. Também se relacionava com o cronista esportivo e ex-técnico da seleção brasileira de futebol, João Saldanha. Quando começou na emissora naqueles primeiros tempos, a Globo era apenas a quarta colocada no Rio de Janeiro. Atuando como repórter, chegava a dar 80 notícias por dia, mais do que toda a equipe junta, graças aos contatos que tinha em Brasília. Lembra de ter trabalhado na cobertura da Passeata dos 100 Mil, de participar de um concurso para eleger a nova Garota de Ipanema, com Vinícius de Moraes, e de acompanhar de perto a ascensão profissional de Chico Buarque.
Mas uma cobertura que marcou os 10 anos que ficou na Rede Globo foi o casamento de Helô Pinheiro, a verdadeira (e primeira) Garota de Ipanema. Luis Augusto foi autorizado a gastar cerca de 100 cruzeiros ou 100 mil na cobertura, ele não se lembra. Mas isso é irrelevante pois quando apresentou a conta, viu que tinha se excedido. Torrara 600, seis vezes mais. Ao chegar no outro dia para trabalhar um bilhetinho esperava por ele: suspensão por três dias.
O jornalista atualmente assina a coluna Geléia Geral, no Diário da Manhã. Ele nasceu em Pontalina, de onde veio para Goiânia aos 12 anos. Morou dentro de uma banca de jornal, em frente ao Parthenon Center, na Rua 4, Centro. Diz que naquela idade já era comunista mas, como tinha de trabalhar, fez de tudo até fundar com Eurico Barbosa o jornal Stadium, que afirma ter sido a primeira publicação dedicada a esportes em Goiás.
Em 1960 deixou Goiânia para morar em Brasília. Fundou a Livraria Legenda, que funcionava no Teatro Nacional. Teve grandes amigos do lado de lá e de cá da ditadura. O sociólogo Darcy Ribeiro à esquerda, Mário Andreazza, ministro e homem forte de praticamente todos os governos militares, à direita. O que não impediu que fosse preso em pleno reveillon e perdesse não apenas a livraria, mas também o apartamento.
Pampinha diz que para contar sua história completa teria de falar três dias sem parar. E que sua vida daria um filme. Pena que não aproveitou a oportunidade de filmá-la nos tempos de amizade e boemia com João Bennio, o maior cineasta goiano, e cuja vida também daria um belo longa-metragem.
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